Imagine você vivendo uma vida normal, como a maioria das pessoas, seguindo os seus objetivos, planos e sonhos. Até que um certo dia ao ir no banheiro, você nota que algo mudou, que seu intestino mudou. E você vai notando que essa mudança permanece com o passar dos dias, e pior, outras mudanças aparecem, como episódios de diarreia sem explicação ou justificativa. E você questiona então: será que é algo que eu comi que me fez mal; será que eu ando estressado; será que é virose. Nesse primeiro momento você pensa uma infinidade de coisas, só não pensa na hipótese de que pode estar é doente.
A partir daí você passa a ter alguns cuidados com sua a saúde para tentar acabar com estes sintomas, mas os sintomas não passam, e só pioram, e logo, além dos sintomas, você começa ter consequências secundárias desta mudança de intestino, como fraqueza e indisposição. Os sintomas começam então a atrapalhar sua rotina de vida, pois agora você tem excesso de gases, urgência de procurar banheiro em locais públicos e dores causadas por distensão abdominal. E eu pergunto, você procurou o médico? Não, pois não considera e nem mesmo imagina que está doente.
Não demora para logo você se olhar no espelho e ver o quanto está pálido e perceber também que perdeu peso. E além da fraqueza, já rotineira, já não tem mais o mesmo apetite de antes. Quando o número de evacuações passa a ser mais de 5 vezes por dia, inclusive com a necessidade de ir ao banheiro pela madrugada, você começa a preocupar-se mais com a situação. Então, certo dia, após uma refeição, você acaba vomitando seu almoço, porque seu estômago também está fraco, aí você decide que agora vai ao médico, pois se alimentando mal e com todos esses sintomas, aí sim você poderá ficar doente.
Chegando ao médico, você relata sua situação ao fazer sua ficha de entrada no pronto socorro, e após o atendimento prioritário, o clínico lhe pede um exame de sangue, dando diagnóstico de anemia e desidratação. Mas esse não é o exame que realmente vai começar a descobrir o que você tem. Você será encaminhado a um protoclogista, que fará um exame com um aparelho que permite ver o reto e sigmoide, a parte final do intestino grosso. Ali, o doutor vai iniciar o exame e ao vivo e de imediato, ele irá lhe dizer que seu intestino está inflamado, e então vai pedir um exame de colonoscopia. Sem questionar nem hesitar você fará esse exame desgastante, pois diante da preocupação que surgiu ao saber que seu intestino está inflamado não serão medidos esforços para descobrir o que você realmente tem.
No retorno ao médico especialista de intestino e com o resultado do exame de colonoscopia em mãos, o doutor irá lhe falar que você tem uma doença inflamatória intestinal (DII), uma doença autoimune, que não tem cura, mas que tem controle. Até aí tudo bem, agora você sabe que está doente e que vai ter que tomar remédios imunossupressores, afinal, é só uma doença, tantas pessoas ficam doentes, não é mesmo.
Com alguns meses de tratamento com estas medicações você começa a melhorar. Junto com a melhora vem a vontade de retomar sua vida normal como era antes. Daí você sai com os amigos para comer fora e percebe que essa comida lhe fez mal, e questiona, como me fez mal se eu estou tomando os remédios!? Com o tempo, vai percebendo que os sintomas não sumiram, mas que eles permanecem, embora mais controlados. Ao voltar ao médico pergunta sobre isso e aprende que nem todas as DIIs são de fácil controle, e que diante dessa situação será otimizada a medicação, para se obter uma imunossupressão mais forte.
Não bastassem os sintomas que não foram controlados totalmente, e que acaba privando sua liberdade alimentar e lhe transforma num especialista em buscar o banheiro mais próximo, você começa a sofrer com os efeitos colaterais das medicações, como dores de cabeça e náuseas. O fato, é que sua vida não mais será normal como antes foi planejado.
Mas você é forte, é capaz, é duro na queda, e não vai deixar de estudar e trabalhar. Então, para aguentar o tranco, vai usar corticoide continuamente, vai ingerir medicamentos até o limite do seu fígado e do seu estômago, e em meio a internações esporádicas e falta as aulas, terminará a faculdade. Tudo isso, sem deixar de trabalhar, pois como pagaria a faculdade.
Após passado alguns anos de doença, após inúmeras consultas médicas, diversas experiências vividas, algumas colonoscopias realizadas e várias tentativas de combinações de tipos diferentes de medicações, você passa a ter um conhecimento melhor sobre as DIIs, adaptando-se bem a situação e aprendendo a sua maneira uma forma de conviver com a doença: sabe o que pode ou não comer; o que pode ou não fazer; o quanto e quando deve repousar para evitar que uma crise se torne mais grave; defini os seus limites e começa a adequar os seus planos dentro das suas possibilidades. Não que você tenha desistido da sua vida normal, mas após ficar doente suas prioridades mudam. Se fosse uma doença totalmente controlável sua vida não mudaria muito, mas com uma DII de difícil controle, resistente aos imunossupressores, córtico-dependente, será necessário sim certos cuidados e necessidades diárias que não haviam antes e que farão parte da sua vida de agora em diante. Se esta mudança irá ou não afetar sua vida, depende, se você puder carregar um banheiro com você e não ficar nervoso nem ansioso com nada, talvez não, mas uma vida diferente disso, provavelmente será sim afetada por essa doença.
Então, seu intestino mudou, sua vida mudou, mas você ainda é você. E agora, passa mais tempo no banheiro mas dá maior valor ao tempo que não está nele; não come mais qualquer tipo de alimento mas começa a apreciar melhor as refeições mais simples e nutritivas; toma remédios que causam efeitos colaterais mas procura medidas paliativas para aliviar isso; com estas e outras tantas medidas você se comporta de forma a preservar sua identidade e seus objetivos, pois não deseja para si a identidade de um coitadinho e doente. Se a doença faz parte da vida, não será o fato de estar doente que lhe fará deixar de viver. Então, agora, sua vida está mais estabilizada, a doença existe mas está sendo acompanhada por médicos especialistas, seu organismo já se acostumou com os medicamentos e você já não tem mais tantos efeitos colaterais e já não depende de corticoides como antes. Você já tem também uma adaptação no seu local de trabalho e tem a compreensão dos médicos quando precisa de afastamento do serviço em tempos ruins, ou seja, está tudo bem, mas você só não imagina que vai ficar melhor ainda.
Numa das suas consultas médicas aparece alguém pedido seus dados pessoais para lhe cadastrar numa associação de portadores de doenças inflamatórias intestinais, uma associação para ajudar os portadores. Daí você pergunta, o que eles farão por mim, irão trazer um banheiro vindo de um helicóptero quando eu estiver na rua com urgência? Mas o que você não imagina, é que eles já fizeram algo por você, pois as medicações que você pega pela secretária do estado foram liberadas devido a essa associação. E que essa associação já vem há algum tempo lutando pelos direitos dos portadores e buscando parcerias para melhorar a sua vida. E daí você pergunta, esse povo cobra por isso? Não, eles fazem um trabalho totalmente voluntário. E você pensa, porque alguém perderia seu tempo ajudando os outros sem ganhar nada em troca? E descobre que um dos motivos pelos quais eles fazem isso é porque eles tem a mesma doença que você, e então, de forma contagiosa, quando você menos percebe já entrou no meio e passa também a ajudar a associação, e de graça. Mas depois vê que não é de graça, mas sim, que recebe o pagamento não em dinheiro, mas na forma de amizade e companheirismo. E você faz novos amigos, e amigos que tem a mesma doença que você. E você conta coisas para esses novos amigos que não contaria nem para o seu cachorro; e compartilha das mesmas dificuldades com eles; fica sabendo que não sofreu nem metade que alguns; e passa a se divertir em grupo das situações embaraçosas vividas; e a partir daí você já não vê sua vida sem o contato com esses amigos, mesmo que tenha somente um contato virtual com a maioria deles; e percebe que no momento que está junto deles é como se você tivesse viajado para um mundo onde normais são os que tem doença inflamatória intestinal e anormais são os que procuram banheiro somente 1 vez por dia. Então, junto dos seus irmãos intestinais, você sente que sua vida nunca deixou de ser normal, e que pelas experiências de vida que pode compartilhar e conhecer, você aprende que se antes achava que teve os seus objetivos, planos e sonhos interrompidos, hoje sabe que eles foram apenas adiados, e também vê que no espaço daquilo que se perdeu brotou algo muito melhor e mais valioso do que antes você podia imaginar um dia ter, aprendendo na prática que mesmo nas derrotas ganhamos muito, pois se a vida é uma escola, você pode ter certeza que se você chegou até aqui, é porque aprendeu e está aprendendo bem, as lições.
Agosto de 2015
Há 8 anos, comecei a sentir dores muito fortes na barriga, além de ter muito sangramento. Estava começando a dar aulas profissionalmente, tinha acabado de me formar e essas dores começaram a me atrapalhar de maneira considerável. Decidi procurar ajuda e depois de um tempo descobri que estava com uma doença crônica, uma doença inflamatória intestinal DII #dii chamada RETOCOLITE ULCERATIVA #rcu.
Na verdade, ñ me assustei muito pq nem sabia do q se tratava, e nem podia imaginar q isso fosse mudar tanto minha vida. Só pra esclarecer NÃO é uma doença contagiosa!
Meus agradecimentos pelos relevantes serviços de conscientização à população sobre as DII e pela luta a favor de quem sofre e quer reconhecimento de um tratamento digno e humano.
Há 32 anos fui diagnosticada com a Doença de Crohn e consegui informações de como receber o remédio gratuitamente pela Secretaria da Saúde, através da Associação.
Atualmente estou em remissão, apenas controlando com Azatioprina.
Me disponibilizo para qualquer mobilização, ação de rua, participação nos encontros e no que puder ajudar à Associação a se fortalecer e ganhar espaço em todas as mídias.
Agradeço especialmente a Patricia Mendes e a todos da diretoria, médicos, nutricionistas, palestrantes que, sem dúvida, nos ajuda a entender melhor nosso sofrimento, compartilhando além do conhecimento, da delicadeza de um outro olhar irmão intestinal.
Meu carinhoso abraço,
Heliana Spitali.
Outubro/2015
Olá me chamo Paula tenho 29 anos.
Comecei com crises de diarréia,dores de cabeça muito fortes,náuseas e vômitos a 2 anos atrás,consultando vários especialistas que me diagnosticaram desde de AIDS até DOENÇA SILÍACA inclusive mantia essa dieta silíaca até 3 meses atrás que foi quando conheci um anjo chamado Dr. Marcelo Menezes de Pelotas RS.Ele viu meus exames de colonoscopia feitos a 1 ano e meio atrás e me fez também uma endoscopia por causa das dores de estomago muito fortes.
DIAGNÓSTICO
RETOCOLITE ULCERATIVA bem avançada,pois a dois anos que os médicos anteriores ñ sabiam o que eu tinha e nem enxergaram isso no exame de colonoscopia.
Perdi muito peso por causa da dieta silíaca,fiquei muito fraca e com anemia ,perdi muita massa muscular pois também fazia musculação e nem sonhava porque estava me sentindo tão debilitada diminuindo o peso cada vez mais com momentos febris, fiquei com muitos problemas de autoestima devido ao peso que não consigo recuperar.Estou tomando Mesalazina 800mg e meus sintomas melhoraram muito.
As pessoas que me conheciam antes, hoje falam como estas magra e eu me sinto muito mal por isso,inclusive se afastaram.
Mas algo hj mudou pra mim,que foi minha fé em Deus que nunca perdi e é isso que importa.
Confie em Deus que ele se encarrega de colocar pessoas maravilhosas como o dr. Marcelo nos nossos caminhos.
Se quizerem entrar em contato para trocar idéias ou experiências meu mail é paula_mattos2108@hotmail.com agradeço a atenção e gostaria de dividir essa experiência com todos que passam por isso ,investiguem ,façam exames,consultem outros especiaistas .
MUITO OBRIGADA PELO ESPAÇO!!!!
Paula
Setembro/2012
Apresentamos o regulamento do Concurso "Histórias de Amizade e Superação". Estaremos juntos, mais uma vez, para dividir a emoção de partilhar nossas histórias. Melhor ainda é a possibilidade de ter essa história premiada. Clique no link a seguir e conheça o REGULAMENTO DO CONCURSO HISTÓRIAS DE AMIZADE E SUPERAÇÃO 2016. Esperamos a participação de todos!
Meu nome é Simara,tenho 26 anos,sou do interior de minas, uma cidade que se chama Santo Antonio do Itambé.Vim pra Belo Horizonte em 2010, morei em alguns bairros de Belo Horizonte, depois fui pra Ribeirão da Neves e hoje, resido em um bairro de Contagem.Tinha uma vida normal, em 2013 fui morar com meu namorado, estava feliz, tinha disposição pra cuidar da casa e de trabalhar.já estava em uma empresa desde 2011,apesar de alguns problemas eu gostava de lá. Em 2014 no final de Abril eu comecei a ter diarreia, não levei a serio, pois achava que era devido a muito chocolate que eu tinha comido devido a pascoa. A diarreia não cessava por nada, já tinha tomado remédio e não parava, junto com a diarreia comecei a sentir dores no estomago. Depois de pesquisar na internet sobre os sintomas, fiquei apavorada, pois os resultados sempre apontavam pra câncer de intestino, resolvi marcar um gastro, consegui marcar a consulta pra inicio de junho. Na primeira consulta ele pediu que eu fizesse uma endoscopia, pediu exames de fezes e uma ultrassom. O exame de fezes eu não consegui fazer, devido a diarreia, final de junho voltei com o resultado dos exames, a esta altura, além da diarreia eu comecei a sentir dores fortíssimas na barriga, já não conseguia me alimentar, dores nas articulações e vomito.Ele olhou o resultado e pediu que eu tomasse a medicação para o estomago, mas não disse o que eu tinha.Iniciei o tratamento para o estomago, o primeiro comprimido que eu tomei foi como uma bomba pro meu corpo, ao invés de eu melhorar, os sintomas voltavam tudo de uma vez só. E é aí que começou o pesadelo.Retornei ao medico e disse tudo que estava acontecendo e que quando eu tomava o remédio era pior, ele simplesmente disse que era pra eu continuar com a medicação e assim que eu terminasse a medicação que era pra eu realizar outros exames, ou seja eu teria que esperar dois meses pra fazer os novos exames que ele havia passado e me disse que os sintomas que eu tinha não tinha nada em relação com o estomago. Fiquei sem chão, a partir dai fiquei sem rumo, já não tinha mais disposição pra nada, sentia dores fortíssimas, abandonei a auto escola que eu estava fazendo por que já não tinha mais forças nas pernas, os meses iam passando eu perdia a cada mês dois quilos, parecia que eu estava morrendo aos poucos, não abandonei o serviço, continuei sendo a boa funcionária de sempre( o meu erro quase que fatal) eu ia trabalhar, passava mal e corria pro pronto socorro, percorri vários hospitais de Belo Horizonte e sempre fazia exames e recebia vários diagnósticos, gastroenterite, desidratação, infecção no sangue e mesmo vendo o meu sofrimento nenhum medico pedia internação pra avaliar o que eu tinha. Em um belo dia, depois de ter vomitado o chão do serviço inteiro, minha ex patroa me indicou uma medica que ela conhecia, minha salvação, no decorrer do tempo já estávamos no mês de setembro. Fui a primeira consulta, e a medica pediu que eu fizesse exames de sangue e exame de fezes, olhando pra mim, ela disse '' filha infelizmente não vai dar boa coisa não''. Sai do consultório aos prantos. Na minha cabeça eu imaginava que era câncer, depois que fiz o exame e vi que o exame de sangue tinha dado sangue oculto nas fezes me desesperei. Infelizmente tenho a mania de ler o resultado antes dos médicos e pesquisar o resultado na internet e tirar conclusões própria. Levei o resultado pra médica( o meu anjo) assim que ela olhou ela disse, eu falei pra você que não ia dar boa coisa. Foi aí que pela primeira vez eu ouvi a palavra Crohn, ela disse que poderia ser Cronh ou Retocolite, não sabia nada destas doenças. Pra confirmar ela pediu a colonoscopia. A espera do exame e da liberação do plano ia tentando viver, já estava muito magra, já não tinha disposição pra nada e ainda tinha que conviver com o preconceito das pessoas, te olhando torto e fazendo suposições do que eu realmente tinha, até dizerem que eu tinha AIDS o pessoal do serviço disseram. Enfim consegui fazer a colonoscopia no mês de novembro de 2014, meus sintomas já estavam muito graves, foi ai que a medica que estava cuidando de mim, resolveu me indicar pra um coloproctologia. No final de novembro procurei o proctologista, mostrei a colonoscopia junto com a biopsia, o resultado não estava claro nem pra doença de Cronh nem pra Retocolite, mesmo assim ele pediu que eu iniciasse o tratamento com mesalazina de 800 miligramas, e pediu novos exames de sangue e uma tomografia. Em dezembro graças a Deus e um pouco de tristeza, descobri que o que eu tinha era Cronh o Íleo terminal estava tomado por inflamação, por um lado e por não conhecer a doença fiquei toda animada achando que iria tomar a medicação e em pouco tempo estaria boa. Recebi um não que soou amargamente aos meu ouvidos, ele me disse que esta doença não era como uma gripe que eu tomava o remédio e rapidamente ela iria embora. Neste tempo todo já havia perdido 12 quilos estava pesando 42. Em janeiro comecei o tratamento com azatioprina. Mesmo passando por tudo isto, não pedi afastamento do serviço, até mesmo por não conhecer nada a respeito, tudo ia bem até o serviço começar a ser estressante demais, minhas crises de stress estavam nas alturas, tinha dias que eu pensava em desistir de tudo, chorava muito, conhecia muito pouco da doença e não conhecia ninguém que tinha o mesmo problema. Por causa do serviço comecei a me deixar um pouco de lado, ficava mais de quatros horas sem me alimentar, tinha cólicas intestinais horríveis. Não tinha tempo pra fazer consultas com psicologo, sinto que precisava e muito, foi ai que comecei a me aproximar de Deus. Em julho apesar de tudo, já tinha recuperado o peso, a diarreia havia sumido, as dores também, voltei ao medico e ele pediu que eu repetisse a colonoscopia. Em outubro pra minha surpresa o intestino estava limpo não tinha nada, foi uma felicidade imensa que infelizmente durou pouco. Apesar do intestino não ter nada, eu sentia incomodo no anus, tinha sangramentos e dor, mas que foram ignorados pelo medico, dizendo que era apenas uma fissura, eu acreditei e pensava que iria passar logo. O stress continuava nas alturas, nesta etapa já não tinha mais a compreensão da minha patroa, mesmo faltando apenas um horário do serviço sempre era chamada a atenção por estar indo ao medico demais. Em dezembro tirávamos ferias coletivas, uma semana antes de sair de férias comecei a sentir muita dor na região anal, pra não levar bronca deixei pra ir ao medico assim que entrasse de ferias. Aí começa a minha segunda luta. Na segunda feira de dezembro de 2015, fui ao pronto socorro e chegando la me deram a ficha pra um cirurgião ele olhou, viu que eu tinha pus no anus e que do lado estava um pouco inchado e perguntando se eu tinha alguma doença e eu dizendo o que eu tinha ele disse que não podia fazer nada por mim. Voltei pra casa sentindo dor e marquei consulta com meu medico. Na consulta com meu medico ele olhou, fez toque e disse que era apenas uma fissura e pediu que eu fizesse banho de assento e aplicasse supositório de porctil. Perguntei a ele se eu poderia viajar e ele disse que sim. Comecei a aplicar e fazer banho de assento e não via resultado, mas confiei no meu medico e no dia 24/12/2015 viajei pra casa da minha mãe, cheguei lá sentindo um pouco de dor, mais ainda conseguia a andar, passei o dia 25 bem. No dia 26 a dor já era insuportável,no dia 28 minha mãe decidiu me levar no medico lá, o medico de lá olhou e não disse nada pediu que eu tomasse amoxicilina, voltei pra casa sentindo dor da mesma forma, já era o terceiro medico, sendo que os dois primeiros eram particulares e o segundo do Sus. A dor e na região perianal só aumentava, percebi que o local estava inchando, comecei a dar febre e no dia 31/12 eu fiquei pior e minha mãe me levou para o pronto socorro da cidade de Serro, era virada de ano, chegamos ao hospital as 18:00 horas e foi feita uma simples avaliação e fui colocada no soro e fui informada que teria que passar a noite no hospital pois não tinha ninguém pra realizar o exame de sangue. Estava tomando dipirona na veia pra controlar a febre. No dia seguinte 01/01/2016 eles recolheram o sangue e levaram pra analise, a dipirona na veia já não estava fazendo mais efeito e a febre só aumentava, no decorrer do dia o medico me chama e disse que eu estava com uma infecção e sem me examinar perguntou o que eu estava sentindo, eu expliquei e ele simplesmente me receitou metronidazol e mandou eu voltar pra casa. Voltando pra casa continuei na mesma, as dores eram insuportáveis, a febre não cessava, já sentia dores horríveis na perna, e ai começava o desespero, pois sem tratamento adequado corria o risco de a infecção aumentar e atacar os meu órgãos, estava com medo de ate perder as minha pernas, por que a dor era insuportável. Eu não sabia como eu ia fazer pra voltar pra casa, pois eu não conseguia sentar, comecei a orar a Deus e pedir socorro, pois já tinha tentado de tudo e não tinha conseguido. No dia 03 fui socorrida pela minha tia que tinha ido passear la na virada de ano. Chegamos no dia 4 de madrugada e ela me levou para o hospital Belo Horizonte, aonde Deus colocou um anjo que ao me examinar, constatou que o local tinha que ser drenado imediatamente, pois se tratava de um abcesso e ele me disse que eu corria o risco de no local dar gangrena e precisar fazer uma cirurgia pra tirar o local afetado. Apesar de ter que suportar a dor intensa na drenagem do local, eu já me sentia feliz de estar sendo cuidada. Depois do procedimento o medico me internou, permaneci no hospital até o dia 08/01, ele me deu 15 dias e disse que eu já estaria apta pra voltar pro serviço. Deus os 15 dias, as ferias já haviam terminadas e eu não tinha voltado a trabalhar, retornei ao medico e ele disse que não era normal não ter cicatrizado e pediu que eu procurasse um cirurgião. Na consulta com o outro medico ele disse que realmente não era normal, e que se não tinha cicatrizado era que provavelmente eu tinha fistula,dai começa a minha terceira peregrinação, ele disse que era pra eu procurar um proctologista. Depois de tudo não podia mais ficar com o mesmo medico, resolvi trocar de medico. O cirurgião disse que provavelmente eu iria precisar de cirurgia. Na consulta com a nova medica ela fez a tentativa com o ciprofloxacino na tentativa de não precisar de cirurgia, foi em vão por que a ferida não cicatrizou e nem parava de sair pus,voltei pro serviço com um abcesso não cicatrizado e mesmo com o atestado acharam que eu estava mentindo. A medica começou a me investigar e solicitou um tanto de exames. Na espera de fazer os exames, já tinha sido avisada no serviço que as minhas saídas pro medico não seriam aceitas, que eu desse um jeito e marcava as consultas pro final do expediente e que se caso eu fosse operada eles também não poderia ficar comigo e eu já iria fazer cinco anos de empresa.Revoltada com a situação e vendo que outros funcionários estavam tendo privilégios fui questionar com a minha ex patroa e na segunda feira do mês de março, fui humilhada com a desculpa que o meu questionamento tinha soado como ofensivo e que eu não tinha o direito de reclamar pois eu não era dona da empresa e muito menos sócia.Demitida e já fragilizada com tudo que estava acontecendo,com o incomodo de estar com uma ferida vazando pus, numa região intima, final de abril a medica disse que infelizmente eu teria que operar. Fiz a cirurgia em maio, chorava todos os dia, questionava a Deus o por que de tudo isto. Eu pensei que fazendo a cirurgia eu iria sair do incomodo, ouço da medica que só iria cicatrizar quando eu começasse a fazer o tratamento com o infliximabe, me sentia abatida, frágil incapaz, vontade de desistir de tudo. Comecei a orar a Deus e pedir ajuda, foi ai que do nada resolvi a procurar no Facebook pessoas com doença de Cronh e foi ai que conheci a AMDII e na consulta a minha medica disse que acharia bom que eu participasse da associação. Neste meio tempo também descobri que tinha a doença no anus e no intestino fino. Depois que conheci a AMDII e participando de um grupo no watsapp vi que eu não deveria reclamar tanto, pois tinha pessoas que já tinham passado por situações piores e que ainda estavam passando, comecei a me sentir melhor. Resolvi entregar a minha saúde e as minhas tristezas nas mão de Deus.iniciei o tratamento com O Remicabe mês passado. E Hoje apesar de a cirurgia ainda nãoter cicatrizado, levo uma vida quase que normal, não tenho dores,não tenho diarreia, faço todo o serviço de casa, não tomo antidepressivos, recuperei o meu peso, me alimento de tudo e simplesmente estou bem, na expectativa e a espera de entrar em remissão, hoje sinto que tudo o que aconteceu serviu para que eu crescesse e amadurecesse e me sentisse mais forte. Antes eu deixava a doença me dominar, hoje convivo com ela e eu a domino. Sei que terei muitas barreiras pela frente, mas com fé em Deus eu não deixarei os meus sonhos morrerem.
Sabe-se lá das voltas que a vida dá
Fazer rima é uma dádiva
Coisa para quem tem dom
Mas resolvi arriscar
E ver se isso fica bom
Quando soube do concurso
Pensei comigo cá
Acabei de dar depoimento
Não tenho nada a acrescentar
Mas, cara, sabe-se lá das voltas que a vida dá...
Tudo Aconteceu assim:
Há pouco mais de oito anos
Eu descobri a DII
Você já ouviu falar?
Sei que não
Fique tranquilo
Não é caso de espantar
Também nunca tinha ouvido
Esqueci desse assunto
E minha vida fui seguindo
Mas depois de cinco anos
Percebi bem lá no Ânus
Uma dor que me assustou
Tinha sangue, muito sangue
E também tinha fraqueza
Tinha dúvida, tinha medo
Me brotou a incerteza
Pensei que fosse morrer
E o médico procurei
Ele não levou a sério
E todo aquele mistério
Só foi danando a crescer
Do serviço me afastei
Preconceito encontrei
Nada, nada que eu tentava
Nada, nada adiantava
E minha dor só aumentava
Comecei a sentir raiva
Queria de volta meu ‘eu’
Mas aquele ‘eu’ já não existia
E todo, todo santo dia
Era a Deus que eu pedia
Pra mais força Ele me dar
Nunca que eu pedi a cura
Pedi foi bastante ajuda
Para aquela cruz tão dura
Eu conseguir carregar
No meio de tudo isso
Pra Deus pedi uma bênção
Que Ele me concedesse
Nem que fosse por feitiço
Um desejo de meu coração
Sempre quis ser uma mamãe
Mas tive mesmo um medão
Disso jamais conseguir
Era tanto, tanto remédio
Que aumentava meu tédio
E meu medo de a coisa não ir
Mas Deus é muito bom
E não abandona os seus
Logo, logo a Sofia
Meu Papai do céu me deu
Pense numa alegria
Agradeço noite e dia
Por nascer toda perfeita
A minha tão doce Sofia
Mas apesar da felicidade
Que me trouxe a maternidade
Muita insegurança havia aqui
Principalmente quanto ao trabalho
Pois temia que nunca mais
Eu pudesse voltar ali
Foi aí que lá no face
Em um grupo eu entrei
Logo, logo percebi
Que todo mundo ali
Só vivia como rei
Cada um com o seu trono
Era de sua vida, o dono
E então eu me encontrei
Sozinha não estou mais
Agora me sinto capaz
De todo problema resolver
Esse grupo é a AMDII
Gente boa e vigilante
Que não nos deixa perecer
Logo, logo percebi
Uns tais que se destacavam:
Uma ruiva atuante
Uma brava inconstante
Uma fina e elegante
Um negão conquistador
E me encontrei ali
Amizade eu firmei
Me sinto cada vez melhor
E agora quando eu penso
Que vencer eu já não posso
Lembro de todos aqueles
Que têm luta bem maior
Aquele “eu” de antes
Agora não existe mais
E não pense que isso é mal
Não mais quero ser igual
Vou seguindo em paz na vida
Sabendo que quem luta, sempre conquista
Sei que nada é para sempre
Nenhuma dor permanente
Pode fazer da gente
Menor do que a gente é
A gente é mais que tudo isso
E nós juntos somos maior
Que qualquer um que esteja só
Foi na marra que aprendi
Que nenhuma DII
Vai poder a nós parar
E digo sem nada temer
Que DII só pode escolher
Gente ‘foda’ pra danar.
Leide Evangelista